quinta-feira, 6 de julho de 2017

Protagonista da Própria Existência

Você é uma consciência eterna que viaja em busca de experiências.
A viagem é longa, repleta de paisagens, estações e encontros.
Você viverá cada um deles, leve o tempo que for.
Terá toda a eternidade para isso.


A eternidade não é "tempo sem fim" é "tempo algum".
Só existe o presente, o agora!
O tempo é só uma miragem para lhe dar uma sensação de continuidade, por isso não deve haver pressa ou ansiedade alguma.
Apenas siga o seu caminho de uma maneira leve e com pouca bagagem.
Deixe para trás os excessos, como certezas absolutas e crenças empoeiradas.
Fique apenas com o essencial, e o essencial é o que cabe no coração.


Esteja aberto para o novo, sem preconceitos ou limitações.
Olhe para tudo como uma criança, sem malícia.
Mantenha viva a capacidade de se encantar com tudo, assim você mantém intacta sua pureza.
Talvez lhe chamem de louco, mas não tem importância.
O sistema nega e teme aquele que sai dos padrões.


O homem corrompido, classifica como loucura o que não passa de autenticidade.
Sua confiança na vida será uma afronta aos covardes.
Pode ser que tentem lhe enganar também, afinal, um inocente é facilmente confundido com um bobo.
Solte isso também, deixe que sejam o que conseguem ser no momento.
Ninguém conseguirá lhe roubar a única coisa de valor: A sua essência !


A existência humana, neste plano, é um grande teatro!
Você só tem um papel a representar... você mesmo!
Seu único compromisso é com a própria evolução.
O resto é cenário!


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Texto de Mabel Cristina Dias
http://www.mabelcristinadias.com/

A Navalha de Occam (by Richard Simonetti)

É fácil escrever difícil. Basta colocar no papel as ideias que surgem no bestunto, ainda que, não raro, desandem em destemperos mentais.

Difícil é escrever fácil. Exige demorada e árdua elaboração para tornar a leitura elegante, atraente e objetiva, sem impor prodígios de concentração e entendimento.

Trata-se de uma gentileza que todo autor esclarecido deve ao leitor que se dispõe a examinar suas criações. O texto que exige cuidadosa interpretação é mais charada do que literatura. Fica por conta da capacidade de quem lê, no empenho em orientar-se por labirintos tortuosos, fruto dos devaneios do autor.

Jesus dizia que a verdade está ao alcance dos simples.

Os doutos e entendidos costumam sofrer uma intoxicação intelectual que oblitera o bom senso e os leva a imaginar que tortuosidade e complexidade são sinônimos de cultura e saber.

A propósito vale lembrar Guilherme de Occam (1285-1349), notável teólogo e filósofo inglês (nascido em Occam, nos arredores de Londres). Ingressou bem jovem na ordem franciscana.  Estudou e lecionou na gloriosa universidade de Oxford. Inteligente e lúcido estimava a simplicidade na exposição de suas ideias. Complexidades ou conjecturas, apenas se absolutamente necessárias.

Adotou um princípio que ficaria conhecido como a navalha de Occam, definindo o empenho em retirar de um pensamento ou de uma tese acessórios e complicações desnecessários, louvando-se no bom senso.

Se a aplicássemos em textos herméticos e obscuros dos filósofos que fazem a história das contradições do pensamento humano, seria uma “carnificina”. Pouco sobraria.

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Nem sempre Occam conseguiu usar sua navalha.

Aconteceu particularmente em relação à existência de Deus, assunto que preferia não abordar. Não a negava, mas considerava que, devido à transcendência do tema, seria impossível conjeturar sobre o Criador sem recorrer a argumentos complexos, de difícil entendimento.

Os Espíritos que orientaram a codificação da Doutrina Espírita ensinaram diferente. Dotados de notável capacidade de síntese, própria da sabedoria autêntica, demonstraram que é possível passar a navalha de Occam em lucubrações complexas e reduzir a argumentação em favor da existência de Deus à sua expressão mais singela.

Isso acontece na questão número quatro, em O Livro dos Espíritos.

Pergunta Kardec:
Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus?

Resposta:
Num axioma que aplicais às vossas ciências. Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e a vossa razão responderá.

Comenta Kardec:
Para crer-se em Deus, basta se lance o olhar sobre as obras da Criação. O Universo existe, logo tem uma causa. Duvidar da existência de Deus é negar que todo efeito tem uma causa e avançar que o nada pode fazer alguma coisa.

Simplíssimo! Se o Universo é um efeito inteligente, tão superior ao nosso entendimento que seus segredos são inabordáveis, forçosamente tem um autor infinitamente inteligente – Deus.

A partir dessa ideia o difícil é provar que Deus não existe. Teríamos que explicar o efeito sem causa, a criação sem um Criador.

Quaisquer argumentos em favor desta tese ingrata seriam facilmente eliminados pelo próprio Occam, usando a navalha do bom senso.



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Texto de autoria de Richard Simonetti